SÍNDROME DE SJÖGREN: MUITO PREVALENTE E POUCO CONHECIDA
Secura na boca, diminuição na produção de lágrimas, além de ressecamento na vagina e na pele são os sintomas característicos da Síndrome de Sjögren (pronuncia-se xêgren), doença inflamatória crônica que afeta 2% da população, com predileção pelo sexo feminino: a cada dez pacientes atingidos, nove são mulheres. A maioria é diagnosticada após a menopausa, em especial quando a síndrome está associada à artrite reumatoide. Mas às vezes ela também ocorre na infância, adolescência e idade reprodutiva, podendo, inclusive, trazer complicações durante a gravidez.
Além das securas já citadas, a Síndrome de Sjögren pode causar inflamação nas juntas (artrite), nos pulmões e nervos e levar ao aparecimento de púrpuras, que são pintinhas na pele. Tudo isso atrapalha muito a qualidade de vida. Embora não exista cura, o diagnóstico e tratamento precoces permitem levar uma vida normal, sobretudo depois do advento da terapia biológica, como demonstraram trabalhos apresentados no encontro da Liga Europeia contra o Reumatismo, ocorrido de 14 a 17 de junho em Madri, Espanha. Novos medicamentos vêm sendo testados e aprovados. O tratamento precisa ser bem planejado e acompanhado, pois em alguns pacientes pode haver aumento no risco de linfoma.
De origem autoimune, a Síndrome de Sjögren se manifesta quando os linfócitos, principais células de defesa, atacam erroneamente as glândulas produtoras de secreções, como lágrima, saliva e suor. As causas ainda não estão esclarecidas; suspeita-se da interação de múltiplos fatores, como predisposição genética, alterações nos hormonais sexuais e ataques de vírus ou bactérias. À medida que a inflamação avança, lenta e progressivamente, pode atingir mucosas de outros órgãos, provocando secura da pele, do nariz e da vagina e até mesmo de rins, pulmões, fígado, pâncreas e cérebro, além de acarretar fadiga intensa, dor nas articulações, distúrbios gastrointestinais e formigamentos nas mãos e nos pés.
A Síndrome de Sjögren tanto pode surgir isolada ou estar associada a outras doenças do tecido conjuntivo, como artrite reumatoide, lúpus ou esclerodermia. Por esse motivo, os sintomas variam muito de uma pessoa para outra. Daí a importância de um diagnóstico bem feito para excluir outras doenças capazes de ocasionar queixas semelhantes e investigar se a secura não pode ser decorrente da exposição excessiva ao ar condicionado, do uso prolongado de certos medicamentos (antidepressivos, antialérgicos, diuréticos), da aplicação de radioterapia na cabeça e pescoço ou apenas consequência da própria menopausa.
O tratamento consiste no uso de medicamentos e adoção de medidas não farmacológicas para melhorar a hidratação, como beber 8 copos de água por dia, evitar bebidas alcoólicas, usar lágrimas artificiais, saliva artificial e/ou loções hidratantes, fazer higiene meticulosa dos dentes, devido ao aumento no risco de cáries, e recorrer a umidificador para manter um nível confortável de umidade do ar. Entretanto, o essencial é procurar um reumatologista o quanto antes.