Osteoartrose: 10 mitos sobre a doença articular mais comum do mundo
A osteoartrose (também chamada apenas artrose e conhecida como bico de papagaio) atinge mais da metade da população adulta acima de 40 anos.
De progressão lenta e assintomática, ela se caracteriza pelo desgaste da cartilagem articular e o aparecimento do bico de papagaio,
nome popular do osteófito, crescimento ósseo que acontece quando o organismo tenta reparar o dano à cartilagem articular.
Uma forma fácil de entender a artrose é olhando o nosso rosto no espelho. As rugas resultam do desgaste natural do colágeno
da pele, que é geneticamente determinado e pode ser agravado pelo estilo de vida e a idade. Assim também acontece
com a osteoartrose: é um desgaste natural decorrente do envelhecimento da cartilagem articular, geneticamente determinado,
mas agravado pelo estilo de vida e a idade. A partir dos 40 anos, o condrócito, célula encarregada de manter
a integridade articular, não é mais tão eficiente. Calcula-se que 85% das pessoas que já passaram dos 75 anos desenvolvem essa doença.
O desgaste ocorre sobretudo nos quadris, coluna, joelhos, mãos, pés e ombros. Além dos prejuízos individuais (dores nas juntas, rigidez, limitação dos movimentos),
a osteoartrose tem alto custo social, sendo causa comum de afastamento do trabalho. O tratamento bem orientado pode prevenir deformações, além de
retardar o desgaste. A informação adequada também auxilia a recuperação. Por isso vale a pena esclarecer os mitos que rondam essa doença degenerativa:
1. A osteoartrose é exclusiva de idosos. Embora sua incidência aumente com o avanço da idade – a maioria dos
atingidos tem acima de 60 anos – ela não acomete apenas idosos. A degeneração articular pode ter início muitas décadas antes de
apareceram as dores nas juntas e os outros sintomas. Muitas vezes, a doença se inicia de modo silencioso e um movimento errado
ou um esforço físico acentuado desencadeiam os sintomas. Há, inclusive, uma manifestação específica de adultos jovens, em geral
atletas submetidos a treinamento intensivo. A associação entre predisposição genética e estilo de vida pode levar ao aparecimento mais precoce ou avançado.
2. Produz dores ou incapacidades mínimas. É verdade que existem portadores assintomáticos ou com sintomas leves.
Mas também há casos de dores intensas nas articulações, que restringem os movimentos, provocam incapacidades importantes e
ainda acarretam deformações.
3. O maior culpado é o frio. Assim como em outras doenças reumáticas, a dor da osteoartrose tende a piorar no inverno.
Vale a pena salientar, contudo, que o frio não causa o problema, apenas agrava os sintomas. Especula-se que talvez porque
nos dias de temperatura mais baixa as pessoas tendem a ficar mais passivas e sedentárias.
3. Não é possível deter essa doença. Embora não tenha cura, o tratamento à base de medicamentos, fisioterapia, terapia
ocupacional e acessórios (órteses, bengalas, palmilhas etc.), o uso de sapatos adequados, o controle do peso e a cessação
do tabagismo ajudam o portador a realizar as atividades diárias e preservar sua autonomia.
4. É preciso fazer muito repouso. De jeito nenhum. O exercício físico é fundamental para fortalecer a musculatura,
diminuir a carga sobre a articulação e melhorar a propriocepção, isto é, a percepção do próprio corpo no espaço, desde que
seja bem dosado. Do contrário, pode acelerar o processo degenerativo. O treino de marcha é fundamental para preservar a mobilidade de alguns pacientes.
5. Qualquer anti-inflamatório resolve. Não é bem assim. Alguns fármacos só devem ser usados sob orientação médica. O uso abusivo e indiscriminado
de anti-inflamatórios em idosos pode causar sangramentos gástricos e insuficiência renal. Também os analgésicos e medicamentos modificadores do curso
da doença devem ser prescritos e acompanhados pelo reumatologista. Ainda podem ser indicados suplementos naturais para a cartilagem, que em geral
apresentam poucos efeitos colaterais. Seja qual for o tratamento instituído, jamais deve ser interrompido por conta própria.
6. O tratamento se resume a medicamentos. Os fármacos são aliados valiosos, mas se a pessoa não fizer mudanças no estilo de vida, por exemplo,
controlar o peso, se necessário, e parar de fumar, fazer atividade física orientada pelo médico – uma vez que certos exercícios aumentam o
desgaste articular – talvez não consiga se livrar das dores nas juntas e dos outros sintomas.
7. A radiografia é o melhor exame para diagnóstico. As radiografias só revelam o processo degenerativo quando 50% da estrutura já estão comprometidos.
Para intervenções precoces, o exame mais indicado é a ressonância magnética.
8. Depois que aparece deformação, nada mais se pode fazer. Existem cirurgias corretivas que resolvem o problema estético e
ainda ajudam a eliminar a dor.
10. Terapia alternativa funciona. Nem sempre. A acupuntura pode ajudar como método coadjuvante no alívio da dor. Mas não há evidências científicas
de que homeopatia, florais e medicina ortomolecular produzam o resultado esperado.