OSSOS DO OFÍCIO
Dor nas costas, tendinite do ombro, síndrome do túnel do carpo e tenossinovite do punho e antebraço são os principais Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), anteriormente chamados de LER, Lesões por Esforços Repetitivos. Mais de 3 milhões e 500 mil trabalhadores referiram ter esse diagnóstico na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) realizada pelo IBGE em 2013.
Causa de incapacidade prolongada, o DORT não decorre apenas de movimentos repetitivos. Trata-se de uma doença multifatorial que possui componentes físicos e emocionais. Posturas incorretas, mobiliário e instrumental inadequados, jornadas excessivas de trabalho, sedentarismo, baixo suporte social, mau relacionamento familiar e/ou com chefias e falta de perspectiva profissional podem desencadeá-la.
O tratamento vai depender da causa. Por exemplo, na síndrome do túnel do carpo, que produz dor intensa, formigamentos e em alguns casos chega a acarretar limitação dos movimentos da mão, o tratamento pode ser feito com infiltração, imobilização do punho com uma órtese, sobretudo à noite, fisioterapia e medicamentos. A terapia ocupacional é útil na reabilitação da mão para a execução de tarefas cotidianas e na prevenção de deformidades. As cirurgias ficam restritas aos casos mais graves, com atrofia muscular e perda de força.
Atividades profissionais que ocasionam a flexão contínua dos punhos, como digitar repetidamente em posição errada, podem ocasionar a síndrome. Ela decorre da compressão do nervo mediano, que passa embaixo do punho, o que resulta em dormência ou formigamentos nas mãos, poupando o quinto dedo e metade do quarto dedo, acompanhada ou não por sensação de choques em certas posições, diminuição da sensibilidade dos dedos e dor. Vários pacientes apresentam dificuldade para pegar um objeto com força, descascar legumes ou segurar o volante do carro. Os sintomas pioram à noite. Alguns chegam a acordar com as mãos totalmente dormentes. Portadores de diabetes, hipotiroidismo ou artrite e gestantes correm mais risco de apresentar esse distúrbio.
Devido à coincidência dos sintomas, não raramente a síndrome do túnel do carpo se confunde com a osteoartrose das mãos, em especial a que atinge a base do polegar. Por isso, é importante realizar, durante o exame físico, dois testes que auxiliam no diagnóstico. O Teste de Tinel consiste em percutir o nervo mediano: o médico bate no punho do paciente com um martelinho à procura de alterações neurológicas sugestivas da síndrome, como sentir um choque irradiado para o local por onde passa este nervo. No Teste de Phalen, dobra-se o punho do paciente, que é mantido fletido por um minuto. Exames complementares, como a eletromiografia, ajudam a confirmar a suspeita.
Existe, ainda, a síndrome do Túnel do Carpo Retrógrada, na qual a dor vai até a axila, muitas vezes sendo confundida com cervicobraquialgia, dor no pescoço com irradiação para o braço. Um bom reumatologista saberá reconhecer o problema e indicará a abordagem terapêutica mais eficaz.