O QUE É REUMATISMO
Você já deve ter ouvido falar que reumatismo é doença de idosos, problema nas juntas. E tem sempre alguém que emenda: “Junta tudo e joga fora”. Brincadeiras à parte, apesar desse termo ser popular, na verdade não existe uma enfermidade chamada reumatismo. Trata-se de uma expressão genérica para designar mais de duzentas doenças que atingem ossos, músculos, cartilagens, articulações, ligamentos e tendões.
As doenças reumáticas, ao contrário da crença comum, não são exclusivas da velhice. Atingem adultos, jovens e crianças, até bebês de 1 ano. Democráticas, não fazem distinção de idade, sexo e condição socioeconômica, causando dores e prejuízos à qualidade de vida. Além de danos ao aparelho ósseo-articular, elas podem ocasionar sintomas vagos, como fadiga, perda de peso e mal-estar, que precisam ser investigados, e vir a comprometer órgãos, como rins, coração, pulmão, pele e inclusive o cérebro. Daí a importância de conhecê-las e tratá-las o quanto antes, uma vez que hoje existem tratamentos altamente eficazes.
Esse grande grupo abrange doenças autoimunes (em que o próprio sistema de defesa ataca as estruturas internas), como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, esclerodermia e síndrome de Sjögren; síndromes de amplificação dolorosa, como fibromialgia e dores miofasciais; doenças do metabolismo ósseo, como osteoporose, osteomalácia e doença de Paget; doenças da coluna vertebral, como hérnia de disco e osteoartrose (bico de papagaio), além de gota, espondilite anquilosante, vasculites e diversas outras artrites, muitas vezes associadas a doenças de pele (psoríase) e intestinais (doença de Crohn). Até infecções sexualmente transmissíveis, como gonorreia e clamídia, podem apresentar manifestações reumatológicas.
Embora a maioria tenha evolução crônica e necessite de tratamento prolongado, as causas, sinais e sintomas diferem de uma para outra, bem como sua progressão e consequências. Enquanto algumas causam limitações transitórias, outras podem levar à incapacidade definitiva, se não forem controladas precocemente. O prognóstico varia muito entre os pacientes, portanto a orientação terapêutica deve ser individualizada.
O sucesso na abordagem depende de um diagnóstico preciso e precoce. O reumatologista (clínico do aparelho osteoarticular) é o médico mais capacitado para identificar o tipo de reumatismo e oferecer o melhor tratamento. Ele levantará o histórico do paciente, antecedentes pessoais e familiares, considerando o impacto emocional e social dos sintomas, depois fará um cuidadoso exame físico geral e do aparelho locomotor.
Por último, solicitará exames de imagem e laboratoriais, quando necessário, para confirmar sua hipótese diagnóstica. Seu foco ficará centrado no paciente – e não em laudos de exames. Consultas rápidas baseadas apenas nesses laudos em geral conduzem a diagnóstico errado e tratamento ineficaz. Já a boa interação entre médico e paciente é fundamental para encontrar o alívio das queixas e recuperar a vida normal.