DOR NAS COSTAS: COMO SE LIVRAR DESSE TORMENTO
De cada dez pessoas, pelo menos oito terão dor nas costas em algum momento de suas vidas. Seu pico de incidência situa-se dentro da faixa economicamente ativa (entre 35 e 55 anos de idade), embora não poupe adolescentes, nem idosos. Seja repentina, eventual ou constante, ela compromete as tarefas cotidianas e traz sérios prejuízos à atividade profissional. A dor nas costas é o principal motivo de falta ao trabalho no mundo inteiro e de afastamento pelo INSS no Brasil. Mas nem tudo está perdido. Metade das dores pode desaparecer em menos de um mês com a adoção de medidas simples, após um diagnóstico bem feito.
Há mais de cinquenta causas para as dores nas costas, que podem ser agrupadas em dores na coluna e dores da coluna. Distúrbios nas estruturas que compõem a coluna ocasionam as dores da coluna, como osteoartrose (o popular bico de papagaio), hérnia de disco e doenças inflamatórias reumáticas (como a espondilite anquilosante), além de contraturas musculares, fraturas e até tumores. Eventualmente, patologias originadas em órgãos vizinhos repercutem sobre a espinha, provocando dores na coluna. Um exemplo é o cálculo renal, frequentemente interpretado como dor lombar. Também podem ocorrer em caso de endometriose e aneurisma de aorta.
Um quarto das dores da coluna decorre de posturas inadequadas no cotidiano: o modo de dormir, levantar da cama, escovar os dentes, amarrar os sapatos, vestir-se, assistir TV, digitar no computador, carregar sacolas, dirigir e se acomodar na cadeira do escritório. Além disso, fatores do estilo de vida tendem a desencadear ou agravar essas dores: o avanço do sedentarismo e da obesidade, somados ao envelhecimento da população, ao tabagismo e ao estresse estão contribuindo para que a incidência dos distúrbios da coluna cresça dramaticamente. Junte-se a isso o uso indiscriminado de remédios, massagens inadequadas, cirurgias desnecessárias e até medidas equivocadas sugeridas por “comadres” (como dormir no chão). Tudo isso contribui para prolongar o sofrimento.
É temerário conjecturar explicações e adotar tratamentos por conta própria. O mais sensato é passar pela avaliação de um reumatologista, que considere esses múltiplos aspectos para estabelecer o diagnóstico. A abordagem terapêutica é planejada conforme o quadro apresentado. Por exemplo, se a dor estiver relacionada a doenças crônicas, é indispensável manter a enfermidade sob controle para evitar novas crises dolorosas, bem como a perda da capacidade funcional. Em geral, o tratamento engloba medidas farmacológicas e não farmacológicas, que incluem orientação do paciente, fisioterapia, exercícios físicos (com supervisão direta do médico) e correção de erros posturais. Cirurgias são exceções, por isso requerem indicação criteriosa.
O mais importante é saber que não se considera mais heroico ou prova de grandeza de caráter ficar suportando esse tormento indefinidamente. Muito longe disso. A tendência é tratar a dor, o quanto antes, pois se reconhece o prejuízo que ela pode impor à qualidade de vida.