Depressão: Mais profunda e persistente que tristeza, ela pode ser superada.
Bem diferente das flutuações habituais de humor que as pessoas apresentam diante dos problemas cotidianos, a depressão é
uma doença real e não imaginária, causada por alterações nos neurotransmissores, particularmente a serotonina e a noradrenalina.
Quando esses mensageiros químicos cerebrais caem, podem surgir manifestações físicas e também mentais, como queda de energia,
cansaço, ganho ou perda de peso, dores no corpo, choro fácil e desinteresse por coisas que habitualmente gostava de fazer.
Ou até sintomas mais intensos, como tristeza profunda, capaz de esgotar as forças e tornar o mundo sombrio. Ela afeta 11,5
milhões de brasileiros, inclusive jovens e, nos casos mais graves, pode levar ao suicídio.
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, a depressão está em crescimento e até 2020 ultrapassará o diabetes,
a hipertensão e até a dor nas costas no ranking das doenças mais incapacitantes. Embora as formas leves não impeçam
o indivíduo de trabalhar e cumprir os afazeres, ainda assim, arrasam o humor, atrapalham a vida social e abalam
relacionamentos. Felizmente, há luz no fim desse túnel: os antidepressivos e os estabilizadores de humor
associados à psicoterapia ajudam a recuperar o gosto pela vida.
Porém, antes de iniciar o uso de um medicamento, seja ele qual for, é preciso muito critério na hora de estabelecer o
diagnóstico. Às vezes a depressão decorre de doenças orgânicas que não foram detectadas e tratadas, como distúrbios da
tireoide, déficit hormonal na menopausa e até enfermidades reumáticas – ela tanto pode ser manifestação de algumas
doenças reumáticas como aparecer associada a elas.
É comum portadores de artrite reumatoide, artrite psoriásica, osteoartrose, fibromialgia, esclerodermia e lúpus,
dentre outras, tornarem-se depressivos pela não aceitação da doença ou pelo medo das consequências dessas
enfermidades no futuro. Afinal, muitas são incuráveis (embora seja possível mantê-las sob controle) e às
vezes trazem o risco de deformidades e limitações. Então, não adianta simplesmente prescrever um antidepressivo.
É necessário controlar a doença reumática para proporcionar bem-estar geral.
Por sua vez, a depressão tende a agravar os sintomas reumatológicos. Como ela pode provocar dor, fadiga, distúrbios do sono,
taquicardia e formigamentos no corpo, não é incomum uma pessoa com artrite, que toma direitinho um fármaco eficaz prescrito
pelo médico, continuar apresentando alguns desses sintomas como se “o remédio não estivesse funcionando”. Mesmo quando os
exames revelam que a artrite está totalmente controlada. No caso, essas queixas derivam, não da doença reumática, mas da
depressão. Se o médico simplesmente trocar o medicamento para artrite – e não diagnosticar e
tratar a depressão – a situação pode até piorar.
É preciso olhar clínico para enxergar o paciente de maneira integral e instituir um tratamento capaz de aliviar
todos os sintomas e recuperar a qualidade de vida. O passo mais importante é procurar auxílio médico especializado o quanto antes.