BIOLÓGICOS: MUDANÇA DE VIDA AOS PACIENTES REUMÁTICOS
Evolução incomparável no tratamento
Doenças reumáticas potencialmente incapacitantes, como artrite reumatoide, artrite psoriásica, lúpus eritematoso sistêmico e espondilite anquilosante, dentre outras, podem ser tratadas e colocadas em remissão. Isso significa que, apesar de ter a doença, ela está controlada do ponto de vista clínico, laboratorial e radiológico, evitando a destruição articular e consequentes deformações. Novos e potentes fármacos estão mudando a vida dos pacientes para melhor. Se antes eram condenados a ficar inválidos, em cadeira de rodas, deformados ou incapazes de realizar as atividades do dia a dia, com estes novos fármacos eles podem ter vida normal.
Os medicamentos biológicos, também chamados biofármacos, imunobiológicos ou modificadores da resposta biológica (BRMs, sigla formada a partir das iniciais do termo em inglês biologic response modifiers) atuam de forma seletiva a fim de bloquear, neutralizar ou antagonizar alvos específicos do processo inflamatório. Produzidos por engenharia genética, os biológicos reproduzem os efeitos de substâncias naturalmente fabricadas pelo sistema imunológico, a fim de tratar doenças em várias especialidades médicas, como a neurologia, a dermatologia, a gastroenterologia e a oncologia, além da reumatologia.
Estes medicamentos são anticorpos contra substâncias ou células que produzem a inflamação. Diferentemente dos quimioterápicos, que atacam tanto células boas quanto doentes, os biológicos têm alvos específicos: atacam células e substâncias que provocam a inflamação, sem agredir as células boas.
Desde 1998, a terapia biológica tem sido adotada contra doenças reumáticas, particularmente as artrites, que provocam inflamação caracterizada por dor, inchaço, vermelhidão, limitação de movimentos e, eventualmente deformação. Não só em idosos, mas em adultos, jovens e crianças. Essas moléstias também envolvem a resposta alterada do sistema imunológico, que ataca e danifica estruturas do próprio organismo (daí o nome de doença autoimune). No caso, a agressão recai sobre as articulações, além de ameaçar outros órgãos e sistemas, como o cérebro, os pulmões, os rins e o coração.
Atualmente, os agentes biológicos se destacam no tratamento de artrite reumatoide, artrite psoriásica, lúpus eritematoso sistêmico, artrite relacionada à doença de Crohn (doença inflamatória intestinal), artrite reumatoide juvenil, espondilite anquilosante, síndrome de Sjögren e osteoporose, proporcionando alívio da dor e da rigidez, além de preservar as articulações e reduzir a incapacidade física, o que se traduz em melhora na qualidade de vida. Eles são indicados em quadros de moderado a grave, quando a terapia convencional não apresenta resultados, ou até em quadros iniciais quando os pacientes têm ind&i acute;cios clínicos, laboratoriais e radiológicos de mau prognóstico. Também podem ser prescritos em pacientes com intolerância às drogas modificadoras do curso da doença convencionais.
A terapia biológica é administrada por via intravenosa ou subcutânea conforme indicação médica, de acordo com protocolos rigorosos adotados por sociedades médicas como o Colégio Americano de Reumatologia (ACR), a Liga Europeia contra o Reumatismo (EULAR) e a Sociedade Brasileira de Reumatologia. A aplicação pode ser feita em centros de infusão, onde o paciente é acompanhado por médicos e enfermeiros treinados para garantir as rígidas condições de estocagem, preparo e administração do medicamento e também para monitorar as rea&cce dil;ões do paciente. A minoria requer internação hospitalar. Já existem hoje centros especializados em infusão para pacientes reumáticos.
Como todo medicamento, os biológicos têm contraindicações e possíveis efeitos adversos, daí a importância de conversar com o reumatologista sobre os riscos potenciais do tratamento e os benefícios que ele pode trazer. De modo geral, os riscos são menores do que o perigo de sofrer de dor e incapacidade física se a doença permanecer fora de controle. O maior inconveniente é o preço. Os biofármacos têm alto custo porque seu desenvolvimento demanda muitas pesquisas, a manufatura envolve tecnologia de ponta e a estocagem e a administração requerem cuidados especiais. Entretanto, a grande maioria é coberta pelos planos de saúde, se houver indicação precisa e comprovação da doença, bem como pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Convém, ainda, salientar que a utilização de um agente biológico não dispensa o paciente de outras medidas terapêuticas, como prática de exercícios físicos orientados, abandono do tabagismo e controle emocional, dentre outras. Logo, para obter melhores resultados é fundamental aderir a um tratamento bem estruturado.